Viver exige sacrifícios

Hoje, estava eu retornando de um dos meus muitos trabalhos (estou cuidando da manutenção de alguns sistemas de um clube em minha cidade – é um trabalho mais calmo, ajuda a “quebrar” um pouco a rotina e com isso descubro-me mais produtivo 🙂 ) e comecei a pensar em algo que já havia comentado antes com amigos e familiares, mas não havia dito ainda aqui: a vida exige sacrifícios.

Não importa o que você queira ou faça, para conquistar algo, você precisará fazer um sacrifício de dimensão equivalente.

Gosto de empregar “termos esotéricos” às vezes e aqui entra a “lei da troca justa”, existente não somente no meio ocultista, mas também em física, matemática, etc. só que com outros nomes (na química, por exemplo, você pode descobrir isso na lei da conservação das massas, que ocorre em reações químicas).

Por lei da troca justa entenda que para se conseguir algo deve-se dar algo em troca de valor equivalente ou superior. Sim, eu sei, há um anime chamado Full Metal Alchemist que cita esta frase. Não, não foram eles que a criaram, ela já existia antes. 😉

Vamos pegar um exemplo: você precisa trabalhar 40 horas por semana a fim de, ao final de cada mês, receber um determinado salário. Você doa boa parte de seu tempo e de seus esforços para o intuito de outra pessoa ou organização a fim de receber aquele dinheiro que vai garantir o seu bem-estar e o da sua família. Houve aqui uma troca justa, não?

Agora, suponhamos que esta pessoa desempenhe a mesma tarefa do mesmo modo, sempre com a mesma taxa de erros e tomando o mesmo tempo, um “robô”, praticamente, tamanha é a capacidade de repetição. O que ele deve esperar? Um retorno maior?

Bem, por que seu retorno deveria ser maior se o da empresa não foi? Aí está um dos pontos que muitas pessoas não entendem: reclamam que a empresa deveria valorizar um empregado que está com ela há muitos anos e aumentar o salário. Mas ela não irá aumentar o seu salário simplesmente porque você tem feito a mesma coisa! Se você quer ganhar mais, deve ceder mais na troca, por exemplo, desempenhar o seu trabalho com maior precisão, menor taxa de erros, mais rapidamente, etc.

Para a sua sorte, o tempo é um grande aliado nisso e conforme a areia da ampulheta passa, você é mais experiente, trabalha melhor e conseqüentemente merecerá ganhar melhor. 😀

Mas há um problema aqui: você não pode fazer a “areia correr mais rápido” a fim de conseguir oferecer algo mais para conseguir ganhar o seu algo a mais. Está na hora, então, de fazer um novo sacrifício.

Pode ser participar de um novo treinamento, estudar algum assunto que lhe renda um melhor trabalho na empresa, ou até mesmo procurar uma nova área na empresa onde você sinta que possa ser mais útil.

Claro, para tudo há muito esforço e riscos: é aqui onde está a lei da troca justa, mais uma vez.

Até agora eu tenho falado somente de trabalho, mas essa lei é válida em tudo: na escola, no trabalho, em jogos e até no amor.

Lembro-me que em fins de 2007 eu trabalhava bem em Belo Horizonte, na O2 Games, uma empresa na área de jogos. Aquele era um emprego muito bom, com boas pessoas e boas promessas. O fato é que, para chegar lá, como a lei da troca justa sempre ordena, tive que ceder algo: e o preço para conseguir o meu sonho realizado seria afastar de todo um mundo que eu conhecia.

Deixar família, amigos, universidade (estava por fazer o último período) e tantas outras coisas para trás poderia ser fácil nas primeiras semanas, mas não durante vários meses.

Logo percebi quão dura era essa lei da troca justa.

Após algum tempo, em uma de minhas vindas à minha cidade natal, conheci Marcelle e não deu outra: dois corações batendo forte, saudade que fica quando se vai embora, ainda mais porque deixava aqui também todo o meu “universo”.

Eu sabia que teria que novamente “pagar o meu preço”. Bem, foi o que fiz. Infelizmente renunciei naquela época ao meu emprego, voltei à minha cidade (e ao meu mundinho).

Se foi a melhor solução? Bem, não sei, às vezes não temos certeza das coisas. Mas sei que hoje sou casado com alguém chamado Marcelle e provavelmente em fins de agosto vem ao mundo alguém chamado Dimitri, nosso filho. 🙂

A vida exige sacrifícios. Sacrifícios por vezes dolorosos, mas que são mais fáceis de enfrentar quando sabemos de suas necessidades, medimos as conseqüências e planejamos como iremos enfrentá-los.

Pensei muito no que faria em Aracaju quando voltasse (na verdade, passei momentos de loucura nos primeiros meses, já que estava desempregado, dinheiro indo embora e ainda tinha um período a cursar na universidade, o que me impediria por vários meses de procurar um emprego de verdade).

Tremi de medo diante da possibilidade de ter jogado “minha grande chance” fora. Hoje, sei que joguei UMA DAS minhas grandes chances, pois mais grandes oportunidades aparecem a quem faz por onde.

Agora, trabalho bastante, muito, mas consigo mais conquistas, mais realizações. Acho que as pessoas me vêem agora como um homem, não um “moleque” como eu ainda era quando fui para Belo Horizonte. E mudei não porque envelheci, mas porque aprendi a enfrentar as tormentas e saber quando pagar o preço certo.

Já disse, vou repetir: a vida exige sacrifícios. Se você não estiver pronto para fazê-los no momento certo, não reclame se a vida não lhe oferece aquilo que tanto busca. Identifique qual o tipo de sacrifício precisa fazer (trabalhar mais algumas horas, deixar para comprar algo numa situação financeira melhor, voltar a estudar, etc.) e decida por si próprio se está pronto ou não para fazê-lo.

A vida faz um grande convite a essa festa maravilhosa cheia de oportunidades. Participar da festa é fácil, o problema é o preço para conseguir o seu “abadá”. :S

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