O impacto da obesidade na adolescência

A adolescência trata-se de uma fase de transição e indecisão devido à grande quantidade de informações que recebemos, porém fundamental para o desenvolvimento do ser humando mais completo tanto físico como emocional.

É um período da vida onde ocorrem várias mudanças físicas e psicológicas, altamente influenciadas por fatores genéticos e étnicos. É uma fase de muitas transformações que refletem de hábitos dos familiares e principalmente dos amigos, ou seja, de outras pessoas de sua convivência social, daquela cultura em que este indivíduo está inserido.

E é aí, nesse quadro, onde devemos dar maior atenção principalmente a adolescentes com algum tipo de problema em especial, como é o caso de adolescentes obesos.

Devido às suas condições, adolescentes obesos podem possuir graves problemas emocionais, sofrerem de depressão e outros problemas ligados à condição física, sendo que  muitos deles até já consideraram o suicídio como sendo o melhor caminho para se livrar das humilhações que por vezes passam devido à sua obesidade. Talvez por consequência de tantos problemas no convício social, jovens com excesso de peso geralmente possuem menos amigos  do que os adolescentes magros de sua idade.

A  obesidade entre os adolescentes alcançou proporções de epidemia em muitos dos  países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, cerca de 15%  dos adolescentes são considerados obesos!

No organismo de qualquer pessoa, as calorias consumidas por meio dos alimentos, quando não são queimadas (utilizadas), são armazenadas em celulas de seu corpo, no tecido adiposo. Na gordura, assim digamos.

Em termos científicos, a obesidade acontece quando uma pessoa armazena uma quantidade muito grande de energia, isto é, o tecido adiposo cresce exageradamente. As causas para o desequilíbrio entre calorias ingeridas e queimadas podem variar de pessoa para pessoa. Fatores genéticos, ambientais e psicológicos, entre outros, podem causar a obesidade.

Fatores psicológicos que contribuem para obesidade

  • Muitos adolescentes comem como resposta a emoções negativas como tristeza, tédio ou raiva. Estes fatores influenciam os hábitos alimentares;
  • A reação a uma contrariedade excessiva faz com que o indivíduo passe a consumir maior quantidade de alimento, adquirindo consequentemente  mais peso;
  • Um outro fator que gostaríamos de destacar é a visão errônea, mas que ainda prevalece em muitos ambientes, de que obesidade, principalmente em crianças, é sinal de saúde e prosperidade, o que levará mais tarde ao desenvolvimento de adolescentes obesos;
  • Durante o período de compulsão alimentar a pessoa ingere maior quantidade de comida e sente que não consegue controlar o quanto está comendo. Vale salientar aqui que aqueles com problemas de desordem de compulsão alimentar mais severos também têm maior probabilidade de ter sintomas de depressão e baixa auto-estima, o que acaba por tornar ainda mais sensível o quadro que a pessoa enfrenta.

Se estiver incomodado por ter comportamento alimentar compulsivo e acha que tem desordem de compulsão alimentar, procure ajuda de um profissional de saúde!

Fatores genéticos da obesidade

  • Na genética do indivíduo, estão as informações da quantidade de energia que ele irá precisar nos momentos de carência alimentar ou na falta completa desta. Desta forma, algumas pessoas melhor consomem tais reservas de energia, mantendo-se em seu peso ideal, enquanto outras podem não consumir de forma adequada, o que pode levar à obesidade;
  • A obesidade tende a ocorrer em membros da mesma família, o que sugere o forte impacto da herança genética. Ainda, familiares também compartilham hábitos de dieta e estilos de vida que podem contribuir para a obesidade. Geralmente é difícil separar os fatores genéticos daqueles definidos pelo estilo de vida. Assim, a ciência mostra que hereditariedade está relacionada com a obesidade;
  • Em algumas pesquisas feitas foi descoberto que adultos adotados quando crianças mostraram ter peso mais próximo daquele de seus pais biológicos do que dos pais adotivos. Isso pode indicar que a herança genética possui igual ou maior influência no desenvolvimento da obesidade do que certos fatores externos.

Podemos assim dizer que a aparência do indivíduo é a soma da sua genética e de seu comportamento com o meio ambiente em que vive.

Fatores ambientais que contribuem para obesidade

Devemos considerar aqui o estilo de vida que a pessoa possui, onde podemos enquadrar também os pratos típicos da culinária da região em que se vive e a cultura em que se está inserido. Por exemplo, em países como os Estados Unidos, a luta contra a obesidade é ainda maior, é ainda mais difícil manter-se “amigo da balança”, uma vez que a cultura consumista leva os jovens a considerarem os fast-foods como algo natural e bem-vindo.

    O  adolescente obeso hoje

    Com o desenvolvimento do problema da obesidade, os adolescentes obesos logo começam a desenvolver diversos sintomas ou consequências que os especialistas geralmente dividem em dois grupos, aspectos e aspectos clínicos:

    • Aspectos psicossociais
      • Alteração da imagem corporal;
      • Depressão, que tanto pode ser  causa como consequência da obesidade;
      • Dificuldade de relacionamento com amigos;
      • Problemas escolares;
      • Dificuldades de inserir-se no mercado de trabalho;
      • Dificuldades quanto à pratica de esportes;
    • Aspectos  clínicos
      • Alterações musculo-esqueléticas;
      • Diminuição da função respiratória;
      • Diabetes tipo II;
      • Hipertensão arterial;
      • Aumento de triglicerídeos  e ácido úrico;
      • Diminuição de HDL -colesterol.

    O  adolescente obeso de amanhã

    O adolescente em questão, devido ao excesso de peso e sintomas desenvolvidos, apresentará  maior risco de desenvolver as seguintes condições:

    • Hipertensão arterial;
    • Diabetes tipo II;
    • Infarto agudo do miocário;
    • Acidente vascular encefálico;
    • Nefropatias;
    • Alterações ortopédicas;
    • Neoplasias (crescimento exagerado de células, anormais ou não, que pode levar à formação de câncer);
    • Colecistopatias (afecção da vesícula biliar);
    • Alterações endócrinas;
    • Diminuição da função respiratória.

    Algumas dicas para a prevenção da obesidade

    • Aprenda como escolher refeições mais nutritivas com menos gordura;
    • Aprenda a reconhecer e controlar as características do ambiente que o fazem comer mesmo quando não está com fome;
    • Seja mais ativo fisicamente;
    • Mantenha registro do que você come e das atividades físicas.

    Sobre o tratamento da obesidade

    O tratamento deve iniciar-se após o diagnóstico da obesidade, que geralmente se baseia na redução  da  ingestão calórica (reeducação alimentar), aumento do gasto energético (prática de exercícios físicos e esportes), modificação comportamental e envolvimento familiar no processo  de mudança.

    Outras estratégias como a cirurgia bariátrica e medicamentos devem ser avaliados e somente utilizados em casos mais graves, em que o tratamento convencional não está surtindo efeito e não haja maiores riscos às crianças ou adolescentes, pois estes estão em uma fase de maturação e crescimento.