Você já sabe que o cartão de crédito é associado geralmente a compras, gastos que podem ser muitas vezes supérfluos. O cartão de crédito trata-se de um instrumento para aquisição de crédito que, devido ao mau uso, pode levar o usuário a contrair dívidas que não poderá pagar. Por outro lado, o cartão de crédito, quando bem empregado, pode ajudá-lo a contornar certas dificuldades financeiras na hora de adquirir este ou aquele produto / serviço.
E como todo “instrumento financeiro” que possui suas vantagens e desvantagens, aprender como usar o cartão de crédito é o melhor caminho para evitar criar novos problemas financeiros bem como contornar uma situação difícil e sair do vermelho financeiro.
Vamos agora conversar um pouco sobre cartões de crédito?
Ter poucos cartões de crédito é melhor que muitos cartões
Uma primeira dica é quanto à quantidade de cartões: tenha o mínimo possível de cartões de crédito. Ao contrário do que as instituições financeiras falam toda vez que tentam lhe “empurrar um novo serviço”, não há muita atratividade em manter diversos cartões, de diversas instituições, sob diversas bandeiras. Eu tenho um só e raramente uso todo o limite do mesmo, por que desejaria ter mais de um?
A dica é: se você não precisa de cartão de crédito obrigatoriamente, cancele-o. Não ter cartão de crédito algum é uma excelente forma de evitar o impulso consumista de comprar “algo que não pode viver sem” e no dia seguinte pôr-se a pensar “o que vou fazer com essa coisa”, ou pior, “como vou pagar a conta dessa coisa?”.
Você obrigatoriamente precisa de um cartão de crédito quando precisa efetuar o pagamento de compras e serviços internacionais. Como exemplo, posso citar a aquisição de livros de outros países para um melhor aperfeiçoamento, bem como o pagamento de serviços como hospedagem, servidores dedicados, domínios estrangeiros, equipamentos importados para o seu negócio, etc. Não há como pagá-los senão por meio de crédito junto com instituição financeira reconhecida internacionalmente (motivo pelo qual geralmente tenho um único cartão de crédito, mas com bandeira reconhecida internacionalmente e em instituição financeira bastante responsável e tradicional).
O uso de cartão de crédito também pode ser interessante no caso de profissionais liberais autônomos que podem sofrer grande oscilação em seu orçamento mensal, quando em alguns meses fatura muito e em outros o faturamento deixa a desejar. Neste caso, o cartão de crédito pode servir como meio de contornar os momentos em baixa enquanto se espera que o mês seguinta apresente-se como um “mês em alta”.
Lembre-se: poucos cartões. Não quer dizer que você não possa ter cartão de crédito algum, entretanto, manter poucos cartões irá facilitar o controle dos gastos. Muitas pessoas caem na tentação de ter mais de um cartão a fim de estender o seu crédito, ao conseguir uma nova linha de crédito com outras instituições financeiras. Bem, vamos fazer as contas!
Suponha que o seu rendimento líquido é de R$ 1.500,00 e uma instituição financeira oferece-lhe uma linha de crédito de valor de R$ 1.000,00. Parece bom, não? Você pode comprar até R$ 1.000,00 a mais neste mês e, no mês seguinte, pagar o excedente sem precisar pagar juros.
Repentinamente, uma outra instituição financeira oferece-lhe também uma linha de crédito de valor de R$ 1.000,00! Se você aceitar, você poderá exceder até R$ 2.000,00 nos gastos em um determinado mês e pagá-los depois! Bom demais para ser verdade, não é? Exatamente isso – é bom demais, então não é verdade!
O crédito que uma instituição financeira lhe oferece já é baseado em quanto você ganha e quanto você gasta, logo trata-se de uma análise de quanto pode lhe emprestar sem que você tenha complicações financeiras. Sendo assim, a primeira instituição não lhe ofereceu o limite de R$ 2.000,00 pois ela sabia que seria muito mais complicado para você conseguir manter o orçamento em dia se, em algum momento, extrapolasse tanto assim com os gastos.
Perceba que o valor de R$ 2.000,00 é maior, inclusive, que o rendimento líquido, e se você está usando cartão de crédito, muitas vezes significa que já gastou seus rendimentos, ou seja, possivelmente teve um gasto de R$ 3.500,00 neste mês. Agora pense: se você ganha R$ 1.500,00 por mês e neste mês seus gastos foram de R$ 3.500,00, como garantir não somente que irá conseguir pagar essa dívida, como também controlar-se para reduzir outra vez os gastos a fim de novamente poder pagá-los sem necessitar de crédito?
Você pode se perguntar: se eles sabem que provavelmente estourarei meu orçamento se eu tiver mais e mais linhas de crédito, por que continuam a ligar-me oferecendo mais e mais cartões de crédito?
Bem, eles estão brigando para alcançar o seu espaço no mercado, mesmo sabendo que podem correr o risco de ter um cliente inadimplente mais tarde. Além disso, quando alguém estoura o limite de seu cartão e não consegue pagar todo o valor em um determinado mês (“jogando” uma parte da dívida para o mês seguinte) é “ativado” automaticamente o que eles chamam de crédito rotativo, que representa os juros que eles irão cobrar devido àquele empréstimo. Tais juros geralmente são na casa de de 15%! Em outras palavras, para cada R$ 100,00 que você estiver devendo, eles adicionarão, a cada mês, outros R$ 15,00 a esse valor.
Entendeu por que tanta gente acaba tendo problemas com o pagamento de seu cartão de crédito?
Vale lembrar que não há isso de “sem juros” – alguém somente lhe empresta algo (o que acontece com créditos e empréstimos) esperando ter um retorno positivo em cima disso!
Controle os gastos com cartões de crédito
Outra medida para usar o cartão de crédito de forma adequada é controlar os gastos com o mesmo. Engraçado: isso é óbvio, todo mundo sabe disso, mas parece que não dá certo com muitos… Por quê?
Geralmente as pessoas preferem operar no modo “apaga incêndio”, isto é, em vez de controlar e evitar gastar ANTES de gastar, começam gastando à vontade, sem nenhum planejamento e, a partir do momento em que se vêem em uma situação delicada é que começam a tentar fazer o controle dos gastos. Agora eu lhe pergunto, como é melhor de controlar os gastos: quando você os monitora e se antecipa em relação a eles, ou quando você já gastou demais e está com dificuldades para pagar?
Sendo assim, se você possui cartão de crédito e está sem dívidas, ou seja, os gastos parecem estar controlados, este é o melhor momento para começar a controlar de verdade os gastos! No caso de quem já está com problemas financeiros, bem… não só está na hora como já está atrasado!
Aproveite um pouco do seu tempo livre para criar uma planilha (pode ser feita em papel, mas se feita no computador, você terá vantagens como a automatização de parte dos cálculos e informações) com todos os gastos, principalmente aqueles em cartões de crédito, comparando com o seu rendimento líquido mensal e comece a planejar a redução dos gastos a fim de que os valores possam ser pagos sem a necessidade de novas linhas de crédito / empréstimo.
Após criar sua planilha com gastos e ganhos, você pode usar valores quaisquer nela para novos gastos a fim de descobrir quanto você pode gastar mensalmente sem entrar no vermelho financeiro. Encontre um ponto de equilíbrio e tente manter-se dentro dele – este é o segredo para não ter muitas dores de cabeça mais tarde!
Escolha bem a instituição financeira do seu cartão de crédito
Como já comentamos anteriormente, várias instituições financeiras vão procurá-lo a fim de oferecer-lhe seus cartões de crédito (concessão de uma nova linha de crédito, como eles gostam de chamar, para ficar mais elegante). Aproveite então para analisar bem e escolher aquele que realmente vale a pena.
Leve em consideração a aceitabilidade da bandeira do cartão (quanto mais lojas e empresas o aceitarem, menores as chances de ter que trocar ou adquirir novo cartão para conseguir nova bandeira) e as vantagens oferecidas pelo mesmo. Algumas instituições oferecem gratuidade na primeira anuidade, outras oferecem créditos pelas compras, que podem ser mais tarde convertidos em créditos para novas compras, e há algumas poucas que prometem até mesmo pagar para que você use o seu cartão de crédito!
Entretanto, preste bastante atenção para não acabar entrando em uma armadilha: algumas instituições prometem benefícios muito bons, bons até mesmo para serem verdadeiros. Determinada instituição promete linha de crédito sem anuidade por toda a sua vida? Parece muito bom, não é? Antes de aceitar, investigue direitinho quais são as condições (as instituições faturam principalmente em cima da anuidade e dos juros que correm quando a pessoa não consegue pagar em dia, cortar uma das suas fontes de retorno financeiro é algo estranho, não?) e você pode descobrir, por exemplo, que você deverá efetuar comprar mensalmente no valor mínimo de R$ 50,00 usando o cartão, caso contrário deverá pagar uma fatura de “somente” R$ 15,00 por aquele mês que nada comprou. Bem, do “sem anuidade” (que pode ser de R$ 60,00, por exemplo) passamos para uma situação em que podemos facilmente pagar R$ 15,00 por mês para manter o cartão!
E lembre-se que, se você encontrar uma instituição financeira com uma linha de crédito e benefícios melhores que aquela em que você possui crédito, você poderá mudar! Neste caso, aconselho que primeiro quite todas as dívidas no antigo cartão, cancele-o e, somente após isso, obtenha o cartão de crédito da nova instituição, evitando assim manter em algum momento dívidas em dois cartões diferentes.
Bem, com essas dicas, esperamos que você passe a saber quando e como usar o cartão de crédito sem se prejudicar! Saiba usá-lo como aliado e ele jamais será seu inimigo!