Mais uma vez, boa noite (adoro escrever à noite: você já esteve produtivo o suficiente durante o dia todo e, neste horário, antes do jantar, você encontra-se com uma boa disposição – ao menos eu sou assim 🙂 ).
Aproveitando que nosso último tema foi fortemente relacionado à área tecnológica, gostaria de discutir aqui sobre quão importante esta tem se tornado em nossas vidas. E, obviamente, vou alertar um pouco quanto aos cuidados que se deve ter para evitar a “onda consumista desenfreada” e não acabar se arrependendo mais tarde – ou mesmo, pondo a culpa na tecnologia.
Diversos são as conseqüências da introdução de tanta tecnologia: barateamento de aparelhos eletrônicos e disseminação dos mesmos por toda a população são alguns dos mais óbvios.
Mas, espere aí! Não é só disso que se trata o avanço das tecnologias! Do tênis ergonômico testado eletronicamente ao iPhone tão desejado, quase tudo em nossas vidas passa por algum tipo de “processo tecnológico automatizado”, às vezes para reduzir preços, às vezes para garantir qualidade por meio de testes rígidos e imparciais.
Nos meios de transporte e de comunicação encontramos fortes indícios de que o processo está longe de chegar a um fim, a um ponto ideal, sempre procurando o melhor em termos de custo x benefício (infelizmente, nem sempre para o consumidor final).
Sabe aquelas cenas de filmes dos anos 90, onde avistávamos um dróide (um “robocop”, por exemplo), totalmente equipado, cheio de vários acessórios para todos os momentos? Pois bem, não somos robôs, mas já vivemos equipados com várias coisas.
Quer ver só? É muito fácil encontrar alguém portando celular (mais indispensável que o fígado, na opinião de alguns O_O ) e um mp3, mp4 ou mp99 (como vivemos sem eles até hoje?). Vamos para qualquer lugar que seja, logo sacamos uma câmera digital (a verdadeira revolução, antes disso, tirar mais do que 12 fotos de algum evento, só se fosse algo realmente marcante em sua vida) ou filmadora. Se vamos para a universidade (principalmente nos centros de exatas e tecnológicas) é grande a quantidade de notebooks sendo posicionados sobre as mesas. E na hora de dormir, ambiente climatizado eletronicamente (é, tudo bem, sei que nem todo mundo tem isso ainda hoje – eu mesmo não tenho 🙁 – mas quem sabe amanhã? ).
A tecnologia surge como um meio de auxiliar as pessoas, aumentando a sua produtividade na medida em que libera o seu usuário de tarefas repetitivas, cansativas ou perigosas. Alguns pesquisadores estão indo além e estudam como o uso intenso de tecnologia pode ser (ou não) benéfico para nós.
Um deles é Gordon Bell. Li sobre ele numa edição da revista Galileu: ele é responsável por uma pesquisa onde se emprega o uso intensificado de tecnologia como um “cérebro digital”, uma unidade de processamento e armazenamento auxiliar que possa estar ali, do nosso lado, para todos os momentos, a fim de registrar tudo o que ocorre.
Sim, o projeto de Gordon Bell é um tanto quanto exagerado, mas algumas das observações que seu trabalho trouxe à tona são bem reais e podem ser aproveitadas por nós: você pode não ter dinheiro para comprar um imenso aparato e deixá-lo funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana. Mas você pode facilmente adquirir uma câmera digital e um gravador de voz ou mp3 player. Ou mesmo empregar um celular com capacidade de agenda, anotações, câmera e gravador de voz (hoje em dia, isso até parece obrigatório, mesmo que você só queira um “celular para fazer ligações”).
Entretanto, deve-se tomar cuidado com um problema emergente desta situação: de ferramenta para aumento de produtividade, estamos transformando a tecnologia em muleta para sobrevivência, não mais sabendo como viver sem a mesma. Minha formação é tecnológica, mesmo assim, não acho certo esquecermos de que “somos mais do que aquilo que as máquinas nos permitem ser”. Antes delas existirem, nós já estávamos por aqui e éramos bem felizes.
Infelizmente algumas pessoas parecem desesperadas se percebem que esqueceram o celular em casa. Entram em crise ao perceber que a bateria do notebook acabou e, se descobrem que o Orkut saiu do ar antes de publicarem o milionésimo recado onde a única coisa escrita é “kkkkkkkkkkkkkkk”, aí sim, é para pedir a morte.
Antigamente, gostava de dizer que há três tipos de pessoas quanto à sua relação com a tecnologia: o tecnófobo (morre de medo dela), o tecnófilo (amante da tecnologia) e o tecnólogo (aquele que estuda a tecnologia). Bem, hoje percebo um quarto perfil: o tecnomaníaco, aquele que não pode ir nem mesmo a uma sessão psiquiátrica porque ficou sabendo que o uso de laptops lá é proibido.
Extremos nunca são saudáveis. Nunca. Um tecnomaníaco pode passar por várias situações desconfortáveis, uma delas é quanto à ansiedade por conhecer novos meios eletrônicos e o enorme gasto que podem ter para adquirir todos os seus “bens indispensáveis”.
Aliás, gostaria agora de fazer um alerta: com o dólar em queda e a tecnologia barateando, estamos em um estágio em que tudo é muito tentador e parece ser a última oferta. Cuidado com elas. Não compre por impulso, prefira fazê-lo por necessidade e de forma bem pensada.
Um exemplo disso é que há um tempão vemos mais e mais promoções de computadores e notebooks em lojas (físicas ou virtuais). Minha família inteira dizendo que estava na hora de adquirir um notebook pois os preços estavam ótimos. A única coisa que disse-lhes foi: mas ainda não há uma necessidade tão grande assim e, além do mais, os preços vão cair.
Vi várias vezes o preço oscilando, mas era bem perceptível o fato de que, no fim das contas, a tendência era diminuir.
Há duas semanas atrás, decidi adquirir meu notebook, que saiu por um preço bem em conta (e melhor do que se eu tivesse comprado antes, como comentaram). Uma semana depois, saiu um outro com uma configuração bem parecida (só a tela era 1.4” menor, mas o resto igual), com um valor R$ 300,00 menor. Se eu tivesse comprado só pelo preço, estaria hoje chateado. Sinceramente? Adoraria ter economizado esse dinheiro, mas não estou chateado não, pois ele está servindo certinho às minhas necessidades.
Quem está pensando em comprar produtos eletrônicos, com certeza estamos em um dos melhores períodos da indústria brasileira (há anos não temos um panorama tão estável e forte quanto o é hoje), mas mesmo assim, cuidado para não comprar algo desnecessário só porque “estava barato”, principalmente se houver a possibilidade de seu preço cair ainda mais.
E computadores, notebooks e celulares SEMPRE têm seus preços em queda livre. 😉
Por falar nisso, estou planejando trocar de celular (na verdade, meu celular e o de minha esposa) daqui a mais alguns meses. Por que não agora? Estou sem dinheiro? Na verdade, não é por isso, é questão de bom senso e cidadania: se eu abandono um celular meu muito cedo e o mesmo não for usado por outra pessoa, então estou aumentando o número de baterias que estarão sendo jogadas na natureza, e todos nós sabemos como elas são prejudiciais. A tecnologia facilita nossas vidas, mas não é por causa disso que vou dificultar a vida do nosso planeta. 🙂