De acordo com especialistas, a seletividade alimentar infantil é uma questão bastante comum com crianças que têm um transtorno do tipo autismo, no entanto isso não significa que crianças que apresentam uma seletividade em relação aos alimentos, tenham algum tipo de transtorno. Muitas crianças com seletividade alimentar têm dificuldade com a rigidez e a necessidade de uma rotina nutricional, que também se reflete em suas preferências alimentares.
Isso pode ser muito angustiante para os pais e responsáveis. Nesse artigo discutiremos um pouco mais sobre a seletividade alimentar infantil, que é um assunto ainda não muito conhecido da maioria da população.
Seleção alimentar
Muitas vezes não é uma questão de a criança realmente não gostar de um novo alimento, mas sim que ela não provou um número de vezes suficientes para decidir se ela gosta ou não. Independente da seletividade infantil ser devido à falta de exposição a novos alimentos, é importante descartar qualquer condição de saúde que possa estar contribuído para as dificuldades da alimentação da criança.
Os problemas de saúde mais comuns incluem a doença do refluxo gastresofágico, alergias ou intolerâncias alimentares. Todas as questões subjacentes de saúde devem ser tratadas antes da implantação de um programa de nutrição. Uma vez que com um tratamento médico adequado, os pais poderão começar a tratar a seletividade alimentar da criança.
Quando os responsáveis não possuem recursos para o tratamento, é importante que eles comuniquem o problema ao profissional de saúde da família que irá avaliar a possibilidade de um tratamento gratuito para a criança.
Aspectos considerados em um tratamento de seletividade alimentar
O tratamento das crianças, com seletividade alimentar, deve ser iniciado com um histórico de alimentação muito bem detalhado. O nutricionista deve perguntar sobre as primeiras experiências da criança com comida quando ela era ainda um bebê, como lidaram com a transição de alimentos líquidos para sólidos e o que ela está comendo no momento.
É necessário coletar informações sobre qual o tipo de ambiente a criança se alimenta e como essa refeição está sendo oferecida.
Será que ela senta-se à mesa com a família para fazer todas as refeições ou será que ela não tem horário certo para se alimentar e come a qualquer hora do dia?
As refeições ocorrem em intervalos regulares e no mesmo horário todos os dias? Será que a criança come apenas uma marca específica de um produto ou será que ela se alimenta de forma variada?
A criança experimenta diversos sabores dos alimentos ou apresenta um consumo de alimentos bem restringido? Como a refeição lhe é apresentada? Quanto tempo dura uma refeição?
Quais são os comportamentos da criança quando ela recusa o alimento?
Enfim, quanto mais específicas forem essas informações, melhor será para o profissional formular seu diagnóstico de seletividade alimentar na criança.
Técnicas para tratamento da seletividade alimentar infantil
Há uma variedade de técnicas disponíveis, que podem ser úteis para que uma criança possa expandir seu repertório alimentar. No entanto, a fim de identificar o tratamento mais adequado, é necessário primeiramente compreender a causa da seletividade alimentar.
Por exemplo, a seletividade alimentar da criança é devido a uma recusa em relação a todos os novos alimentos ou é devido a uma falha de progressão para alimentos mais sólidos?
O comportamento de recusa alimentar poderia ser basicamente o mesmo (por exemplo, a criança grita, bate etc.), mas o tratamento seria completamente diferente, com base nesta informação.
Quando o especialista estiver satisfeito com a sua avaliação, o tratamento já pode ser iniciado. Os pais devem tentar, na medida do possível, manter uma agenda diária de refeições e lanches na hora certa e evitar o hábito da criança de beliscar entre as refeições. Também é importante que os pais limitem o acesso da criança aos líquidos entre as refeições, já que algumas crianças preferem beber em vez de comer. Além disso, os responsáveis devem tentar definir um limite de tempo entre quinze a vinte minutos para as refeições.
Quando forem introduzir novos alimentos pela primeira vez, é recomendável começar com um alimento com paladar preferido anteriormente, ou seja, um alimento que a criança comia ou que fosse semelhante em sabor e textura do que ela come atualmente.
Ao apresentar a nova comida para a criança, os pais devem começar com uma quantidade muito pequena do alimento novo de modo a não sobrecarregar a criança e garantir uma maior probabilidade de êxito.
Os profissionais não recomendam associar a alimentação infantil a nenhum tipo de recompensa. Quando esse mecanismo é utilizado ele pode até parecer funcionar, entretanto a longo prazo a criança pode associar a alimentação com uma atitude de sempre ter algo em troca e isso não é saudável. A alimentação deve ser compreendida, mesmo que a longo prazo pela criança, como algo saudável e necessário ao desenvolvimento e crescimento saudável.
Por Salete Dias