Cerca de 2% da população brasileira apresenta algum dos tipos de transtornos alimentares. Um número relativamente baixo, mas que, se somado aos casos de doenças crônicas não transmissíves e outros tipos de doenças provenientes de deficiências ou irregularidades alimentares, apresenta um quadro alarmante que reflete a falta de cuidados que temos com a nossa alimentação.
A ocorrência de transtornos alimentares em mulheres jovens é bem maior que em homens, chegando a uma taxa de quase 10 mulheres acometidas pelo problema para cada homem diagnosticado. Mas, por que essa diferença? E afinal de contas, do que se tratam tais transtornos?
O que são os transtornos alimentares?
Transtornos alimentares são perturbações caracterizadas por graves alterações no comportamento alimentar. Tais alterações podem levar ao emagrecimento execessivo, obesidade, problemas físicos ou mesmo incapacidades.
Marcados por extremos, os transtornos alimentares possuem origens muitas vezes em traumas ou obsessões desenvolvidos ao longo da vida, motivo pelo qual é tão comum a associação de transtornos alimentares a problemas psicológicos, como transtornos do humor ou da personalidade, ansiedade, depressão ou mesmo o abuso de substâncias.
Tais problemas acometem geralmente pessoas do sexo feminino, entre os 13 e 17 anos, mas nada impede que pessoas de outros perfis também sejam, como é o caso de atletas. Alguns relatos apontam o desenvolvimento de transtornos durante a fase da infância ou mesmo mais tarde, na vida adulta.
Os principais grupos de risco para o desenvolvimento de transtornos alimentares são: atletas, modelos, adolescentes, homossexuais e outros profissionais que dependem da imagem de seu corpo como parte de seu trabalho.
Os tipos mais comuns de transtornos alimentares são a compulsão alimentar, a anorexia, a bulimia e a vigorexia e são esses quatro problemas que merecem nossa atenção agora.
Compulsão alimentar
A compulsão alimentar trata-se do desejo incontrolável de consumir alimentos, podendo se restringir a somente um grupo específico de alimentos (geralmente guloseimas) ou a qualquer tipo de alimentos.
A compulsão alimentar pode ser responsável diretamente pelo aumento do risco de obesidade bem como de outros problemas de saúde, como doenças cardiovasculares.
A anorexia
A anorexia caracteriza-se pela preocupação excessiva com a forma física, levando o indivíduo a uma obsessão, acreditando sempre estar acima do peso, mesmo apresentando um peso muito abaixo para a sua estatura ou idade.
Muitas jovens e pessoas do meio artístico (atores, cantores, modelos, etc.) sofrem de anorexia em algum nível de intensidade, por desenvolverem uma preocupação excessiva com a manutenção de seu peso.
A bulimia
A bulimia apresenta certos sintomas indicadores de possível compulsão alimentar, acrescida do sentimento de culpa, que leva muitas pessoas a ignorarem uma das refeições principais ou mesmo a induzirem o vômito.
A bulimia é assim caracterizada por períodos em que a ingestão de alimentos é exagerada, seguidos por sentimentos de culpa que podem levar a pessoa a prejudicar-se na tentativa de expelir o excesso.
A vigorexia
É similar à anorexia, com a diferença de que aqui existe a preocupação excessiva com a prática de exercícios físicos, motivo pelo qual é conhecida como overtraining em inglês, que significa excesso de atividade física.
Devido à intensa atividade física, o corpo começa a reagir com sintomas como insônia, falta de apetite, irritabilidade, desinteresse sexual, fraqueza, cansaço constante, dificuldade de concentração e outros. Quando tais sintomas começam a despontar, está na hora de refletir sobre sua “jornada” de atividades físicas.
Prevenção e tratamento
Transtornos alimentares devem ser encarados como doenças, debilidades do organismo com causas biológicas e psicológicas complexas, exigindo portanto cuidados quanto à prevenção e ao tratamento médico.
No caso de atletas e outras pessoas que praticam atividades físicas intensamente, o aconselhamento nutricional especializado é indispensável no tratamento de transtornos alimentares.
Estudos têm demonstrado que tais tipos de transtornos apresentam importante associação com comportamento obsessivos e sintomas depressivos muitas vezes desenvolvidos no período escolar, o que significa que profissionais de saúde envolvidos com o atendimento de pessoas nessa faixa etária devem estar bastante familiarizados com esses tipos de problemas a fim de que possam dar a devida orientação clínica, tanto no sentido de prevenir quanto no sentido de tratar.
O diagnóstico precoce bem como a adoção de um tratamento terapêutico adequado contribuem profundamente para o tratamento do paciente, e a alimentação, claro, possui papel importante não somente em sua recuperação, mas também na resolução do problema.
E por fim, vale ressaltar a importância da participação de todos, do acompanhamento psicológico da pessoa ao desenvolvimento de atividades interessantes que lhe permitam não somente a promoção da reeducação alimentar e a prática de exercícios físicos saudáveis, mas também a compreensão de como se deve cuidar de seu próprio corpo.