Há quase três anos atrás, escrevi um artigo chamado Abaixo o racismo contra os brancos! no qual comentei sobre uma cena de uma novela onde o orgulho negro é exaltado a plenos pulmões, o que me levou a uma simples pergunta: e se tivessem exaltado o orgulho branco?
O diretor da novela seria chamado de novo Hitler? Os atores seriam perseguidos e linchados pelas ruas? A emissora iria À falência com pagamentos de altas multas indenizações a cada uma das pessoas de pele morena ou negra que tivessem assistido e, agora, estariam precisando de tratamento psicológico devido a tamanho “ultraje”?
A leitora Aninha (obrigado, Aninha!) trouxe-nos várias informações em seus comentários, que me levaram a fazer uma “varredura” no Orkut, investigando descrições e fóruns de comunidades relacionadas ao termo orgulho branco. Bem, aqui vai o que pude identificar nessa busca:
- Muitas dessas comunidades não são racistas, como elas mesmas dizem, “se os negros podem ter orgulho negro, por que é crime brancos sentirem o orgulho branco?”;
- Somente uma comunidade apresentava ideais realmente perigosos. Obviamente, fiz minha parte, denunciando a tal comunidade à equipe de suporte do Orkut;
- Há muitas comunidades, porém todas com poucos membros. Isso ocorre por dois motivos: muitas pessoas têm medo de serem confundidas com racistas por estarem em uma comunidade de orgulho branco e, além disso, não há uma real centralização, como ocorre com o orgulho negro, justamente por acontecer de forma tão tímia e isolada;
- Algumas comunidades pregam a exaltação do fato de serem euro-descendentes… Como diria Gabriel, o Pensador, “é pra rir ou pra chorar?”. Se me perguntarem, direi que tenho orgulho de ser brasileiro, apesar de às vezes dizer o contrário, devido às atitudes de muitos brasileiros, mas enfim, não se trata de ter orgulho por algo que nem mesmo conheço! Orgulho por ter descendência europeia? Fala sério! Nunca estive na Europa, nunca tive ajuda direta de europeus, sejam eles parentes ou não, sendo assim, acredito que devemos nos orgulhar muito mais daquilo que realmente somos. Brasileiros!
Sou uma grande mistura de tudo. Quando servi ao Exército, o tenente que faz a identificação de cada militar descreveu-me como branco, mas em minha árvore genealógica há brancos, negros, índios e, se brincar, é capaz de ter algum oriental “pulando a cerca” nessa história para aumentar ainda mais a mistura!
O que eu penso a respeito do Orgulho Branco? À primeira vista, nao me parece ofensivo – é exatamente a mesma coisa do Orgulho Negro, só que relacionado à cor branca!
Entretanto, isso me lembra que torcer por times de futebol não é nada demais, mas certas torcidas organizadas possuem como propósito brigar, espancar torcedores do time adversário. Bem, este é o meu medo, as “torcidas organizadas”.
Ideias quando não são bem discursadas e fundamentadas podem levar ao irracionalismo, a julgar como racional certos atos de barbárie.
Todos nós podemos, sim, gritar o orgulho pela nossa cor, desde que lembremos de uma coisa: tolerância e compreensão.
Tolerar e compreender as diferenças significa que, apesar de você gostar de ser como é, isso não influencia em como você julga os outros. As pessoas merecem direitos à inclusão igualmente, não importando se sua cor é branca, parda, amarela, vermelha, mestiça, morena, negra ou verde (o verde? Ah, foi um ET que vi outro dia, mas isso fica para uma outra ocasião 🙂 ).
E se vamos falar sobre preconceito, por que nos limitar ao preconceito racial? Bullying, que tanto se vem falando hoje, é uma forma de preconceito que acontece desde a época em que D. João VI era criança! São jovens estrangeiros (geralmente latino-americanos e asiáticos em países europeus ou nos Estados Unidos) ou que apresentam alguma diferença (muito inteligentes, acima peso ou com dificuldades no convívio social) que sofrem maus bocados nas escolas diariamente (eu que o diga, também passei por isso em minha infância, mas na época não tinha nome, era só “coisas de criança”, talvez seja por isso que tantas crianças e adolescentes mataram e se mataram nos Estados Unidos nos últimos anos!).
Sinceramente? Discutir se orgulho branco é ou não racismo é a ponta de um iceberg muito, muito maior. E infelizmente as autoridades governamentais em nosso país parecem não ter encontrado ainda uma solução, preferindo criar “paleativos” como cotas para as universidades, o que somente aumenta ainda mais a discriminação – ao separar as pessoas na hora de disputarem a vaga na universidade, você está segregando-as racialmente.
Engraçado, segregação racial… Onde foi mesmo que li essa expressão? Ah, sim, foi estudando a história da África do Sul e eles lutaram pelo fim da segregação racial, mas no Brasil, parece que o movimento é inverso.
Governantes, não precisamos de cotas. Precisamos de um sistema de ensino público realmente eficiente, de tal forma que não importa se o aluno estudou em escola pública ou particular, suas chances de conquistar uma vaga em um curso superior sejam as mesmas!
Mas dá trabalho fazer isso, não é? É muito caro, estamos falando de uma reforma educacional real e olha que nem é tão difícil fazê-la: basta trabalhar nos mesmos moldes que as escolas particulares trabalham e oferecer melhores condições de trabalho aos professores, garantindo inclusive a segurança deles – os professores da rede de ensino público estão cansados de ir para a sala de aula sem saber se irão levar uma cadeirada, uma facada ou coisa pior de algum aluno que acordou um pouco mais revoltado.
Mas vejam só, começamos a falar sobre o preconceito racial e já estamos falando sobre reforma educacional! Mas prestem atenção, há uma grande ligação entre eles – nossos políticos dizem que negros possuem menos chances de entrarem nas universidade do que os brancos, mas o que na verdade acontece é: alunos vindos de escolas públicas possuem menos chances de entrarem nas universidades do que alunos vindos de escolas privadas, mas é claro, se a afirmação fosse essa seria óbvio que a falha está no sistema educacional, não é?
Bem, acho que vocês já estão cansados de todas essas minhas divagações, então vou encerrar confirmando aquilo que disse aqui:
- Precisamos de uma cultura que saiba respeitar todas as diferenças, TODAS, não somente um grupo racial;
- Precisamos de uma completa reforma das necessidades básicas de nosso país (saúde, educação, etc.) a fim de que não haja mais segregação, mas sim um melhor serrviço a ser oferecido a todos, tão bom que dê a todos oportunidades iguais!
Falar sobre combater o preconceito é fácil. Difícil é realmente combatê-lo, pois me parece que há certos interesses envolvidos, preferindo manter tudo do jeito em que se encontra a realmente fazer algo eficaz.
E você, amigo leitor, também está cansado de toda essa falácia sobre o preconceito? Se sim, então diga não a todo tipo de preconceito e ajude-nos a espalhar esse ideal por um país de oportunidades iguais a pessoas diferentes!